SE ELES A FAM, ELES VAM-NA PAGAR. Nom deixes o teu futuro nas suas maos

Dezembro 16, 2020 | Campanhas, Em destaque, Se eles a fam

Cartaz

O ano 2020 acabou por ser nefasto para a juventude trabalhadora. Eis o que nom é nengum segredo. Mentres as empresas de comunicaçom banalizam os factos decorridos desde o início da pandemia, e traçam as suas causas no açar divino, as moças e moços tomamos mui a sério todo o que aconteceu. Nom nos reconfortamos nos memes nem nos refugiamos em documentários conspirativos; ao contrário, procuramos e exigimos respostas. E nom, nom vivemos sempre enfadadas, é que fomos o saco que golpeárom durante meses e estamos cansas de aturar.

As geraçons hoje organizadas em BRIGA somos as primeiras protagonistas desta crise da que já ouvimos os tambores, mas também nos criamos na que, apartir de 2008, sacudiu às nossas famílias e a nós próprias, eliminando perspetivas de futuro e fazendo da despossesom a nossa companheira de vida. Aquele relato sobre o estado do bem-estar, que inoculárom nos nossos pais e maes, revela-se-nos remoto e ridículo.

Levamos meses insistindo em que somos a mocidade e as mulheres os setores mais maltratados por esta crise. Fomos nós, com o nosso trabalho, quem sostivemos os anacos do País destroçado que nos deixárom. Mas também foi graças à nossa exploraçom que salvamos as contas de milheiros de empresas, arriscando a própria saúde. A cámbio recebemos cínica criminalizaçom, horas extra nom pagas, temporalidade laboral e despedimentos.

Finalizada a temporada de verao, apresentam-se-nos poucas opçons, mas a da emigraçom tem patrocínio empresarial. Somos isso para o Capital, recursos desumanizados que podem deitar ao lixo após chuchar-nos todo o sangue. Se temos ou nom sustento nom lhes importa, tenhem habilitados mecanismos para expulsar-nos e que nom molestemos. É a consequência de ter nascido num País do que figérom a Meca do turismo barato, precário e estacional. A nossa classe dominante é rentista e parasitária, e antes do que criar centros de trabalho viáveis e sustentáveis, prefere obedecer os desejos do mercado internacional, que decretou para a Galiza um papel periférico e dependente.

O monocultivo do turismo é também peça fundamental doutra das nossas grandes problemáticas, como é o acesso à vivenda. Grandes e pequenos rentistas escolhem encher o País de apartamentos e casas vazias durante o inverno para se lucrarem os três meses de verao. Trás de si deixam milhares de jovens sem possibilidade de se empanciparem ou retornando ao lar familiar, sendo os grandes beneficiados as empresas dedicadas à especulaçom imobiliária, sediadas em paraísos fiscais mas que aproveitam o nosso solo. Neste sentido, a resposta das instituiçons brilha pola sua ausência, mas nom demora em aparecer quando se trata de okupaçons e despejos. Nos últimos tempos agromárom grupos mafiosos dedicados ao assalto de moradas para alugá-las a famílias empobrecidas que doutro jeito nom poderiam aceder a umha vivenda. Para elas, vítimas desses intermediários, os governos preparam a todo correr leis que facilitem a sua expulsom. E polo meio misturam a okupaçom política, aguardando que a confussom nom nos permita ver o injusto da distribuiçom da vivenda ou que toda esta situaçom é consequência direta do seu modelo económico.

Nom é só nos lugares turísticos e de costa onde se dá este problema. Em muitas cidades centos de estudantes tenhem quartos alugados sem saber até que ponto os vam precisar. A universidade converteu-se num caos administrativo e de infraestruturas, que modifica cada semana a planificaçom, saíndo prejudicado como sempre o alunado e professorado em precário. O resultado nom pode ser mais beneficioso para o projeto de universidade privada de ABANCA, à que lhe deixa o caminho feito a decadência da pública. Entretanto, o ensino obrigatório receberá a nova lei LOMLOE, envolta num aura de progressismo que se corresponde pouco com a realidade. Novamente, debilitar a concertada fortalecerá a privada, mentres os centros públicos esmorecem pola inaçom das administraçons, que nom escuitárom as vozes do estudantado. Umha situaçom catastrófica, gerada pola máxima de “salvar o ano académico”, que resultou ser algo assim como fingir que nada acontece e aguardar que os problemas os solucionem docentes e famílias.

Famílias que, além da péssima situaçom económica na que muitas se encontram, nom contam com recursos se os colégios fecham. O que se passa quando as crianças tenhem que ficar na casa já o podemos imaginar: as mulheres, outra vez, somos quem renunciamos para cuidá-las. Parece mentira que, com o auto-assumido discurso feminista que incorporam as administraçons, nom sejam capazes de artelhar soluçons diferentes a carregar com o problema às mulheres. Os cheques oferecidos por Feijó, ademais de causar riso, desvelam a verdadeira natureza da luita pola igualdade que eles entendem: estética, superficial, e para quem a poda pagar. Mercantilizá-lo todo, também os cuidados, é o projeto do capitalismo para nós.

Mas nom chegamos a este ponto para nada. O feminismo nom se estendeu por todos os recunchos do Planeta para que nos utilizem desta maneira. Estamos aqui para berrar que isto nom nos vale e comprometer-nos, mudar as cousas, cortar cadeias e construir a alternativa das eternamente castigadas. O bom de ser a geraçom das duas crises é que sabemos que nom podemos esperar prosperidade do atual modelo económico. Que as promessas e as gigantescas mentiras nas que se assentárom durante décadas som um espelhismo. Se só lhes interessamos para explorar-nos um par de meses cada ano e depois abandonar-nos à nossa sorte, nom o vamos permitir. Se este sistema se revela como o pior de todos os possíveis, nós organizaremo-nos para fazê-lo cair. E é que se eles a fam, eles vam-na pagar.

A legenda escolhida para a campanha nacional que BRIGA desenvolverá no próximo ano nom é fortuita. É um sério apelo à mocidade, mas também umha ameaça para os gestores dum sistema decadente e caduco. A eles define-os a incapacidade para enriquecer-se sem a nossa miséria; mas essa será também a sua perdiçom. A debilidade deste capitalismo senil obriga-o a dedicar grandes esforços a desativar as luitas da nossa classe. Vaziá-las de conteúdos, moldeá-las à sua imagem e semelhança, ou impor-nos umhas prioridades diferentes das que nos podem levar a alcançar vitórias.

Sabem que nós, a classe trabalhadora, somos o seu pior inimigo. Por isso repetem a fórmula ensaiada desde há décadas, cada vez com maior beligeráncia. Toleram a protesta, sempre que seja individual, virtual, inócua. Insistem em fazer crer que nada pode ser mudado e que devemos agradecer as faragulhas que recebemos. Qualquer proposta de avanço social é tildada de utopia e de impossível. E nom o fam por acaso, pois sabem que podem conviver com a sua reputaçom danada, se os seus piares nom som atacados. Som umha besta que lambe as feridas, mas que seguirá em pé se ninguém a empurra.  Passar à ofensiva, portanto, é umha necessidade imperiosa. Organizarmo-nos para ser umha ameaça real, que a obrigue a recuar, a ceder. Organizarmo-nos para construir umha alternativa que demostre que é a classe trabalhadora quem tem a força para conquistar o futuro digno que nos querem negar. Organizarmo-nos para vencer e deixar claro que: SE ELES A FAM, ELES VAM-NA PAGAR!