NESTE SISTEMA NOM HÁ FUTURO #MudemosTodo🔄

Abril 23, 2020 | Campanhas, Em destaque, Queremos mudá-lo todo!

Nom era nengum segredo que devíamos estar prontas para enfrentarmos umha nova crise económica, mas esta chegou antes do aguardado devido à pandemia global. Cumpre aclararmos que este facto é apenas o detonante e acelerador da crise, nom o causante. Chegados a esta situaçom som dous os aspetos que é preciso tomar em conta.

Em primeiro lugar, tendo em conta que se pretende dar o discurso que de que o COVID-19 é quem causou a crise, há que ter em conta que as crises som estruturais e inerentes à sobreproduçom que se dám no marco do modelo produtivo capitalista, mesmo que se pretenda que sejam assumidas como inevitáveis ou conjunturais. 

Com certeza, a classe dominante vê aumentar a sua lucratividade graças à extraçom de mais-valia do trabalho assalariado. E esse aumento de lucratividade passa por implementar um contexto de precariedade nas condiçons laborais. Isto é algo que continuamente se denuncia desde os movimentos juvenis que perseguimos umha profunda transformaçom social. Afinal essa precariedade nom é mais que a exploraçom da força de trabalho mediante a mais-valia absoluta, típica em tempos de crise, para preparar o bem-estar posterior que só existe para essa minoria. Se bem nom é o objetivo agora aprofundar nisso, mas falar da sua ligaçom com a atual situaçom de pandemia mundial, já que isto demonstra-nos o começo dumha regressom social que vai unida ao progresso capitalista, dous factos que vam de mao dadas, como já analisavam Marx e Engels na altura. 

É frequente também escuitarmos vozes que apontam a que esta crise que está a se desenvolver é conseqüência direta do maltrato à natureza, sem maior causa social que tenha favorecido isso. Com certeza, existe essa relaçom da crise com o meio ambiente, o qual é o efeito da incompatibilidade do modo de produçom capitalista com a natureza devido às nefastas conseqüências que tem sobre esta provocando um forte esbanjamento de recursos que impedem a sustentabilidade ecológica, derivando nas problemáticas ambientais que enfrentamos. 

Neste senso som frequentes as culpabilizaçons sobre a espécie humana, entendendo esta como um todo, e a um afám desta por destruir o Planeta. Estas acusaçons colocam o foco sobre uns hábitos individuais no âmbito do consumo, especialmente. Estes hábitos som tomados como origem da problemática e incide-se em que a soluçom passa pola mudança dos mesmos. Isto leva a diferentes posicionamentos que se apresentam como soluçom  à crise económica e às subcrises que confluem nela (sobretudo a ecológica). 

Em relaçom à própria questom ambientel um deles é o exemplo das propostas que derivam na incorporaçom dum matiz ecologista às visons neoliberais, o que abre espaços a um falso cenário de “capitalismo verde”, vendendo esta “suavizaçom” do impacto ambiental do modo produtivo como a soluçom a essas problemáticas sem que haja lugar a que se dê umha superaçom de dito modelo. Por outra parte há posiçons que defendem que a reversom desta problemática ambiental e o combate contra a exploraçom passa por mudar os ritmos de consumo que se nos imponhem, adoptando um modo de vida mais acorde ao caráter finito dos recursos. Sem dúvida é umha postura debatível mas poderia conduzir a umha regressom para etapas pré-capitalistas em vez de superar o atual modelo. Quanto ao âmbito social fala-se dumha política de parches baseada em ideologismos e “sensibilidade social”, que confia em que há soluçom dentro dos limites do próprio sistema. Isso poderia durar até que o grande Capital visse ameaçada a sua taxa de lucro ou visse em questom o modelo que sustentam. De facto no contexto do Estado espanhol com o governo “mais progressista da história”, nom há medidas dirigidas à proteçom direta das classes populares senom que, no fundo e por trás do seu “cariz social”, vam dirigidas a manter o ganho empresarial. Um exemplo está  na medida-trampa sobre os despedimentos que desde o Ministério de Trabalho, com “explicaçons para crianças”, se gabavam de implementar falando em “proibiçom” de que se despida alegando a pandemia como causa, mas ocultando que seguem abertas as portas doutras modalidades de despedimento e com indenizaçons irrisórias, o qual afeta nomeadamente às jovens e trabalhadoras com menos antigüidade. 

Perante estas visons entendemos a origem no sistema capitalista e nas relaçons sociais que se dam dentro deste. Neste senso, a mundializaçom (é dizer, a rápida circulaçom de mercadorias e pessoas) junto com o caos do mercado e a ausência de qualquer planificaçom social efetiva, favorece a expansom de pandemias e dificulta a sua soluçom evitando grandes custos para as trabalhadoras. É aqui onde achamos a origem e nom numha suposta “natureza humana”. Essa origem vemo-la na autêntica desorganizaçom económica e nos seus efeitos. Estes caem sobre as costas das classes populares com o objetivo de garantir o benefício dos rentistas mediante o endividamento das inquilinas, o favorecimento dos despedimentos maciços que garantam a taxa de lucro da oligarquia empresarial ou os benefícios dos bancos recebendo ajudas públicas para gerirem jogando com as trabalhadoras autónomas. Portanto, e por diante de parches e assistencialismos, é na superaçom do sistema económico que sustenta estas crises onde se acha a possível saída. 

Para evitar que a imensa maioria do sacrifício caia sobre a classe trabalhadora devemos caminhar na linha de construir umha alternativa. Umha alternativa que passa pola independência política da Galiza para alcançar as condiçons que permitam atingirmos soberania plena. Umha soberania que se faga efetiva sob a direçom da classe trabalhadora. Umha soberania que permita organizar diversificadamente os nossos setores produtivos e recuperar para controlo público os setores estratégicos. Umha soberania que permita a planificaçom pública da vida económica em funçom das necessidades da maioria social.  Entendemos que é esse o caminho que permita conseguir reverter a situaçom em que o caos capitalista afoga à classe trabalhadora de todo o mundo.

Em resumo, precisamos umha alternativa onde os valores humanistas se ponham por diante e que permita que sejam as nossas vidas as que se situem no centro e nom os lucros dumha minoria parasitária que só nos condena à regressom, à degradaçom do nosso meio natural, às constantes multi-crises (originadas por um mesmo fator) e em definitiva, à destruiçom das nossas vidas. 

É hora de avançar nesse caminho, no caminho dumha Galiza livre, soberana e socialista.