E O QUE ACONTECE COM AS FP?#MudemosTodo🔄

Maio 4, 2020 | Campanhas, Em destaque, Queremos mudá-lo todo!

E O QUE ACONTECE COM AS FP?

Com motivo da crise sanitária derivada da COVID-19, o transcurso da aprendizagem nos centros escolares e universitários viu-se freado e alterado. O governo espanhol está tomando umha série de medidas, tardias e parciais, que demonstram velar mais polos interesses das grandes empresas que polos do alunado e as suas famílias. Pola sua parte, o executivo galego dedica-se a trabalhar o mínimo, e aguarda pacientemente que o Ministério assuma as competências que a nós nos correspondem, para beneficiar-se eleitoralmente de criticar qualquer decisom que se tome.

Nós, estudantes de Formaçom Profissional, maltratadas e utilizadas polas instituiçons, queremos analisar em que consistem estas mudanças e sobretudo como vam afetar à já de por si precária situaçom educativa na que nos encontramos. E reivindicar umha saída valente e comprometida com o nosso futuro.

A medida mais prejudicial das tomadas polo governo no referente à Formaçom Profissional tem a ver com o módulo de FCT (Formaçom em Centros de Trabalho). Implica um giro de 180o na sua finalidade, pois substitui as 380 horas de aprendizagem no contexto laboral por um módulo de TFC (Trabalho de Fim de Ciclo), formado por 245 horas. Portanto, trocam-se conhecimentos 100% prácticos por um projeto unicamente teórico.

Isto nom só é umha redundância; ademais, elimina a grande vantagem dos ciclos, que som para a maioria de nós umha via direta para o emprego. Deste jeito, o alunado, longe de beneficiar-se, obterá o título de Formaçom Profissional sem conhecer o entorno profissional nem a experiência que este proporciana às e aos jovens trabalhadores, vendo limitadas as suas oportunidades laborais.

Nuns poucos casos está-se a ofertar a realizaçom dumha FCT de 220 horas, adicionando tarefas ou trabalhos teóricos para complementar as horas restantes (sem por isto deixar de realizar o TFC). A duraçom deste período pode alongar-se até finais de junho, mesmo até julho. Portanto, o alunado obteria o título fazendo quase a metade de horas do módulo prático, realizando o/os trabalhos complementares e o Trabalho de Fim de Ciclo e, ademais, semanas mais tarde da finalizaçom habitual do ano académico. Isto provoca umha sobrecarga de trabalho para as estudantes (material e mental) evidente, mas também pode obrigar-nos a ter que pagar mais outro mês de aluguer, no caso de nom finalizar antes de julho, sem haver nengum tipo de compensaçom económica nem por parte do governo nem da empresa onde se realizem as práticas.

A todo isto temos que somar um fator que dificulta especialmente a situaçom do alunado de FP: a condiçom de classe. Todas nós somo filhas e filhos de trabalhadoras/es. Em definitiva, quem menos nos podemos permitir que a nossa empregabilidade se veja limitada por umhas práticas reduzidas ou nulas. E nom nos enganemos, o empresário nom quer um título para nos contratar; quer aforrar-se o nosso salário entre que começamos a aprender até que produzimos o suficiente para ele. Por isso, de nada vale promocionar se nom se garante o acesso ao mercado laboral.

Adiar o módulo de FCT até o próximo ano académico nom é umha saída para todas, pois implicaria mais outro ano de investimento económico para um estudantado precário e afogado, que amiúde recorre à família para cursar uns estudos incompatíveis as mais das vezes com um emprego.

O estudantado levamos anos reclamando um outro modelo de Formaçom Profissional, que nom tenha como pilar a exploraçom gratuíta das alunas. Hoje mais do que nunca fai-se necessária a remuneraçom das práticas. É óbvio que no que resta de ano académico nom podemos realizá-las com todas as garantias, e pedir-nos que sacrifiquemos o próximo para trabalhar de balde seria, no mínimo, irresponsável. A flexibilizaçom e o pagamento das FCT impediria que as estudantes tenhamos que escolher entre o desemprego e a precariedade, e permitiria-as compatibilizar com outras atividades. As instituiçons educativas encarregadas de gerir esta emergência devem tomar decisons que favoreçam às mais castigadas por esta crise, as estudantes da classe trabalhadora. Do contrário, repetirá-se o êxodo que desde 2008 despovoa o nosso País. Lembrem, dizemo-lo em cada manifestaçom: queremos trabalhar, e nom emigrar.