A CÁRREGA DAS MULHERES NESTES TEMPOS. #MudemosTodo🔄

Abril 26, 2020 | Campanhas, Em destaque, Queremos mudá-lo todo!

A cárrega das mulheres nestes tempos: mais trabalho, que nom emprego, e piores condiçons (salariais, laborais e de proteçom)

Linhas de tinta correm estes dias ao redor do coronavírus. Algumhas informam, opinam, divulgam ou mesmo mentem. Mas um setor da sociedade tem mui pouquinho tempo para deter-se a analisá-las: as mulheres. Em conseqüência, escasseiam os documentos que abordam como nos afeta e afetará esta crise. Este texto nom pretende encher o oco deixado para as “questons de género” em distintos espaços, quer pôr o foco numha série de problemas tam centrais como abandonados. Se os tempos atuais som especialmente cruéis com as mulheres e a juventude, os que virám nom virarám o rumo se nós nom o exigimos. Eles estám a fazer um grande esforço para legitimar-se e poder sair enriquecidos como em 2008, a nossa única saída é compreendermos a realidade e luitar para mudá-la.

Nom é um segredo que somos as mulheres as pior paradas pola COVID-19. Umha simples olhada aos setores mais golpeados no plano económico (o turismo e o comércio, especialmente) indica-nos que serám as trabalhadoras precárias destes setores as que se verám mais afetadas polos índices de desemprego. Somos, à vez, a grande maioria de quem sustém esta situaçom em primeira linha. Conformamos 85% do pessoal de enfermaria, 70% das trabalhadoras em farmácias, 90% das limpadoras em empresas, hotéis e fogares, e perto de 85% das caixeiras dos supermercados. Isto fai com que também estejamos mais expostas ao contágio e ao risco, pois a proteçom necessária muitas vezes nom chega e destina-se a corpos militares e policiais. A câmbio, recebemos baixíssimos salários.

Muitas somos ademais maes e cuidadoras doutros membros da família, e somamos umha cárrega neste âmbito maior do que antes da emergência. O fechamento de centros educativos e o confinamento da populaçom permite que o que antes pertencia à economia remunerada (escolas e escolas infantis, centros de maiores etc) se inclua atualmente no trabalho nom pago realizado polas mulheres, e o reparto realmente igualitário nas tarefas do fogar é insignificante. As mulheres maltratadas polas suas parelhas, partilhando domicílio com o agressor, som as que vivem umha situaçom ainda mais insustentável, como demonstram as estatísticas do 016.

A tendência desta crise à destruiçom do emprego é alarmante (em quinze dias de março perdérom-se por volta de 900.000 postos de trabalho no estado espanhol) e a situaçom segue a piorar. As condiçons de precariedade laborais e da vida das trabalhadoras irám em aumento, sendo como noutras ocasions as mulheres e as jovens as primeiras em sofrê-lo e com maiores doses de violência e exploraçom.

Para as moças pobres que precisam dinheiro isto pode ser terrível. É o contexto perfeito para cair na prostituiçom. Já se pode ver nas redes sociais, entre outros exemplos, como medram páginas como OnlyFans, que, sob o pretexto da decisom individual de cada jovem, mercantilizam os nossos corpos, abrindo o caminho para que qualquer violência, se for tolerada pola pessoa contra a que é exercida, seja válida e mesmo “empoderante”.

Esta crise está deixando às claras a voracidade de empresas como as residências de maiores. Estes negócios, que acumulam em maos privadas ganhos milionários (graças à combinaçom de dinheiro público, taxas altas e reduçom ao mínimo do gasto em salários e material), nom duvidam em desentender-se da sua labor para serem salvas pola Xunta quando as cousas se ponhem feias. Mas também nos está demonstrando o pouco viável que é este sistema económico, que medra ao ritmo que nos afoga. A nossa sobrevivência e a nossa dignidade dependerám do capazes que sejamos de superar um capitalismo cada dia mais cruel e desumano.