28S: A luita continua. Aborto livre e gratuito!

Setembro 26, 2014 | Em destaque, Feminismo e Antipatriarcado

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Na passada terça-feira a imprensa fazia-se eco das declaraçons do presidente do governo espanhol, Mariano Rajói, em que confirmava a retirada do anteprojeto de lei que pretendia proibir o aborto e impor assim, um enorme retrocesso na longa e dura história da luita das mulheres polos nossos direitos sexuais e reprodutivos.

Confirmava-se assim a retirada dum texto que o Partido Popular aprovava no Conselho de Ministr@s para contentamento dos sectores da ultra-direita nacional-católica, que viam no PP o seu mais fiel aliado e defensor dos reacionários valores do machismo e o heterossexismo. Porém, a apresentaçom do rascunho de lei veu acompanhada dum enorme rechaço social que também se reflectiu nas instituiçons parlamentares e que nom estivo isenta de polémicas divisons nas fileiras do próprio PP.

Umha ampla oposiçom que para além das conhecidas manobras eleitoralistas dos partidos assimilados ao regime, foi fundamentalmente umha oposiçom feminista, tecida desde a base por centenas de mulheres que desde os distintos povos e naçons do Estado mostramos o nosso rechaço a esta lei que nom podemos menos que qualificar de terrorista.

E nom foi nem é doado desenvolver esta luita pois nunca tantos fôrom os flancos abertos e nunca tam difíceis de detetar e sobretudo, de desenmascarar. À tentativa de clandestinizar novamente o aborto e impor-nos a maternidade, há que somar o alarmante aumento de mulheres assassinadas e espancadas por homens que geralmente som ou fôrom o seu companheiro, o aumento também de jovens que somos assediadas e vítimas de abuso sexual, a preocupante normalizaçom de comentários profundamente machistas entre membros destacados da política institucional, a multifacética violência estética, os infinitos micro-machismos que tanto tempo dedicamos a detetar, desenmascar e combater pedagogicamente, as desigualdades salariais, a eliminaçom de serviços de atençom a pessoas em situaçom de dependência… em definitiva, somos contínuas depositárias de centos de ataques que se perpetram de jeito acelerado dificultando assim umha resposta planificada, organizada e efectiva.

Porém, com a retirada da reforma da Lei do Aborto podemos afirmar que a luita feminista foi claramente efetiva pois o enorme rechaço social que suscitou o anteprojeto nom foi nem repentino nem por acaso; foi o produto de décadas de luita por conquistar os nossos direitos sexuais e reprodutivos, décadas saindo às ruas, agitando, conscienciando e exercendo a imprescindível violência defensiva. O feminismo em geral, e o galego em particular, realizou umha enorme labor pedagógica e conseguiu transmitir às mulheres galegas umha ideia aparentemente tam simples como o direito a decidir sobre o nosso próprio corpo.

Assim foi que o PP se viu na obriga de recuar, e o Ministro de Justiça, Gallardón, a demitir ao ser a cara visível e o público impulsor e ideólogo da contra-reforma de lei. Porém, a pesar desta evidente vitória do movimento feminista, como jovens devemos lembrar que o PP pretende fazer umha modificaçom à conhecida como “Lei de Prazos” aprovada polo PSOE em 2010 e que já na altura, BRIGA qualificava como insuficiente. Dita modificaçom consiste em impedir que jovens de 16 e 17 anos podam abortar sem o consentimento de suas nais e/ou pais, seja for o caso. Agudiza-se assim o impacto do poder adulto sobre as jovens, infantilizando-nos, desprovindo-nos de capacidade de decisom e aumentando a repressom sexual sobre nós.

Como jovens rebeldes e conscientes partícipes do feminismo galego e de classe, parabenizamos ao conjunto do movimento feminista galego por resistir a um dos maiores golpes por parte da direita nacional-católica das últimas décadas, demonstrando mais umha vez que a luita é o único caminho. Porém, como jovens rechaçamos a anulaçom do direito de moças de 16 e 17 anos a abortar sem o consentimento de progenitoras/es e continuamos demandando inteiro direito das mulheres a decidir sobre a maternidade.

Somos polo tanto conscientes dos muitos direitos que há que recuperar e os muitos que ainda há que conquistar. Por todo isto, o vindouro domingo 28 de setembro, Dia Internacional pola Despenalizaçom do Aborto, as mulheres de BRIGA estaremos com o feminismo galego nas ruas do nosso país, em pé de guerra contra todo aquele que pretenda impedir-nos a nossa livre decisom sobre o nosso corpo.

A LUITA CONTINUA

ABORTO LIVRE E GRATUITO