1º DE MAIO: PRENDENDO A FAÍSCA DA GREVE GERAL GALEGA

Abril 30, 2018 | Em destaque

Chegamos de novo ao Primeiro de maio, Dia do Internacionalismo Proletário, o que deverá ser um dia de luita de classe e de síntese das luitas e confrontos contra o capital. Nós como parte consciente e organizada da classe trabalhadora, realizamos o estudo das condiçons da classe e as suas expressons de luita na Galiza atual para atuar dum modo eficaz e ajeitado no seio da mesma, eis aqui a nossa leitura.

A nível mundial levamos umha década de pós-crise capitalista sobre as nossas costas marcada no económico polos intentos do capital para superar os seus próprios limites históricos afundando no modelo neoliberal, e dizer concentrando e centralizando ainda mais a riqueza e procurando maximizar os benefícios aumentando enormemente a exploraçom intrínseca ao trabalho assalariado.

Esta tendência materializa-se no Estado espanhol com duas reformas laborais chaves para consolidar os rendimentos do capital sobre o mundo do trabalho, anular a incidência da negociaçom coletiva e dinamitar os direitos sociais adquiridos nas diversas batalhas do movimento obreiro e social fazendo recair nos ombros da maioria social e mui especialmente na juventude as desgraças dum modelo produtivo insustentável, predador do médio e da saúde física e mental das pessoas. Como povo, os lustros de destruiçom das forças produtivas e de reconversom dos setores chaves da nossa estrutura produtiva acentuam a nossa condiçom de naçom dependente e marcam de jeito decisivo as relaçons de produçom da nossa classe. Isto constata-se em diversos ámbitos: no naval, no mar, no agro, na gadaria, na indústria têxtil, na exploraçom florestal, no metal…  

A juventude galega nom encontra já o amparo socializado na mal chamada “sociedade do bem-estar” suportado através das lógicas do trabalho assalariado estável e sofre a hora de artelhar a resposta das incapacidades de ligar a imprescindível luita coletiva a um emprego concreto que se estende ao longo da sua vida laboral. Hoje em dia coma jovens constatamos umhas perspectivas de futuro cada vez menos otimistas sobrevivendo numhas condiçons materiais de vida que oscilam entre a precariedade, o desemprego ou o exílio econômico.

O mundo do emprego na juventude divide-se entre as terríveis cifras dum desemprego que se estabiliza em 21% e a época da normalizaçom da precariedade onde a temporalidade do emprego afeta 57% das jovens trabalhadoras e onde os rendimentos do capital sobre o trabalho se disparam na juventude: as menores de 35 anos cobramos por hora de trabalho 22% menos, chegando esta cifra entre menores de 25 até  42% de diferencia. A saída para as capas populares resulta no exílio por motivos econômicos que podemos comprovar na incidência da emigraçom juvenil, já que entre o ano 2008 e 2016, o número de jovens (menores de 34 anos) reduziu-se em 181.067, o que supom que no ano 2008 havia 21,3% mais de jovens que na atualidade.

Como classe operária galega; e particularmente como parte setorial nova, enérgica e consciente devemos organizar-nos com a ideia de articular um movimento operário galego que responda às necessidades de classe na Galiza de hoje, que como mostramos ameaçam e cercam qualquer esperança de vida digna.

Para esta luita semelha imprescindível continuar a estar organizadas nos centros de trabalho através das centrais sindicais galegas, que com todas as suas contradiçons, som a dia de hoje a melhor ferramenta de defesa e combate com a que opera a classe à hora de respostar aos despedimentos, garantir o cumprimento dos convénios coletivos, conseguir melhoras salariais ou na condiçom do emprego. Saudamos deste jeito as luitas das precárias de Bershka que ganharom um pulso ao gigante de Inditex, as grevistas do metal na comarca da Corunha, as trabalhadoras em luita da justiça galega e a cada conflito que se dá num bar, numha loja, fábrica, no trabalho do fogar e em cada ponto onde as que movemos o mundo somos quem de achar-nos para confrontar com o capital nas suas diversas expressons.

Além disto, a nossa classe, e especialmente a juventude, enfrenta umha tarefa complexa e diferente, dar resposta às necessidades da nossa classe; a morada, infraestruturas para a mobilidade, tempo ou alternativas de ócio…

As necessidades emancipatórias da juventude partem da impossibilidade de emancipaçom econômica e estendem-se ao longo da nossa quotidianidade: Galiza é o território do Estado onde menos jovens podem abandonar o núcleo familiar e à hora de fazê-lo precisamos dedicar de média mais da metade de um salário tipo só para o aluguer, os preços do transporte público reduzem drasticamente as nossas possibilidades de mobilidade acentuando-se isto nas zonas rurais, vilas e periferia das cidades, sofremos para poder ir ao cinema, poder inscrever-nos a atividades desportivas ou comprar um livro. Somos precárias no amplo senso da palavra e nós queremos todo: a morada, o lazer, o desporto, os cuidados…

De BRIGA sabemos das oportunidades que brindam o conflito e a luita, e das potencialidades que temos quando nos unimos desde coordenadas revolucionárias para brigar com o capital, por isso aguardamos que a greve geral anunciada pola CIG sirva de catalisador e acelerador de tempos para reorientar as tarefas defensivas e ofensivas do sindicalismo de hoje e das batalhas que temos por ganhar dentro mas também fora dos centros de trabalho.

Conhecemos também a imperiosa necessidade de expressom política efetiva do movimento operério nacional, que nom é outra que o Partido Comunista. Por isso, saudamos neste 1 de maio a proposta dos setores sindicais, feministas, juvenis, estudantis, linguísticos, culturais etc que formam o coletivo Galiza em Rede de avançar, junto com outros setores do movimento operário e popular, na construçom da ferramenta política ao serviço do proletariado patriótico no País. Sendo esta a única chave de vitória real para a nossa classe, a mudança de sistema passa pola organizaçom comunista, ou nom há alternativa.

Concluímos aguardando que este Primeiro de maio seja a faísca que prenda na greve geral proposta pola CIG e que esta jornada de mobilizaçom e conflito sirva para conquistar melhoras concretas e parciais que contribuam na luita pola emancipaçom da classe trabalhadora na batalha contra o capital, que só acabará com o controlo social dos meios produtivos e reprodutivos da vida através da construçom da República Socialista Galega.

 

1º de Maio 2018