POSICIONAMENTO DAS ESTUDANTES DE BRIGA PERANTE A CRISE EM ERGUER
Abril 18, 2020 | Em destaquePartilhamos a análise realizada pola Comissom Setorial de Ensino a respeito da ruptura de ERGUER.Estudantes da Galiza. Disponibilizamos o arquivo PDF para facilitar a sua leitura e, debaixo, em formato texto:
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CONTEXTUALIZAÇOM
No dia 14 de abril de 2020 mais de 70 integrantes da organizaçom estudantil ERGUER. Estudantes da Galiza anunciavam publicamente que abandonavam dito espaço através deste comunicado.
Segundo se recolhe nesse documento, o descontento basea-se na resposta dada a umha denúncia por agressom por parte dum setor ao que pertencia o agressor e que ocultou informaçom e procurou evitar a resoluçom com garantias do caso. Isto gerou um sentimento de deslealdade e analisam que este tipo de dinâmicas ponhem em risco a própria segurança das mulheres que participavam do espaço. Ademais de refletir esta grave forma de atuar, chamam à atençom a respeito da dificuldade de levar adiante trabalho desde Erguer devido às próprias dinâmicas internas.
Diante disto as assinantes concluem abandonar a organizaçom pola impossibilidade de trabalhar em espaços onde se dam este tipo de dinâmicas que impedem concentrar os esforços em levar adiante umha boa atividade no âmbito estudantil. Declaram também que essa saída nom significa o abandono do Movimento Estudantil; muito ao contrário, ressolvem-se a continuar a trabalhar com mais forças ainda por um ensino público, galego e feminista.
ANÁLISE
As estudantes de BRIGA, somamo-nos às assinaturas de dito comunicado e, antes de mais, e perante o bombardeio de informaçom e ataques dum lado e do outro, achamos a necessidade de dar a nossa visom dos factos que motivam a decisom de aderirmos ao comunicado.
Em primeiro lugar, investigam-se possíveis atitudes machistas por parte dum primeiro rapaz mália que finalmente a moça nom denuncia. Posteriormente, sim denuncia um segundo homem (este fai parte do setor hegemônico da organizaçom) mas isto nom se chega a investigar. Recentemente, a companheira declara que, ainda tendo denunciado, nom se investigou unha agressom cara ela no passado, polo qual se abre umha investigaçom diante das suspeitas de má praxe. Deste modo iniciam-se conversas com o objetivo de conseguir informaçom do que aconteceu. Por tanto, nom se investigava nengumha pessoa em concreto, mas um processo passado no seu conjunto
Por outra parte quem desconvoca a Comissom de Garantias que deveria ter tratado o caso na altura foi a Responsável de Organizaçom, já que nom há provas de que fosse a pessoa convocante e si testemunhos onde se fala de pressons para nom investigar o caso. É por isso que o grupo de investigaçom conclui a possibilidade de que puidese existir un encobrimento por parte de dito setor cara o seu militante. Isto nom quer dizer que acontecesse sem lugar a dúvidas, mas que há indícios e deve investigar-se. polo que insta a abrir un procedimento com essa finalidade.
A resposta da militância deste setor é opor-se à investigaçom até que non se faga nos termos que indicam e com as pessoas que elas aceitam. Também se negam a que se transmita informaçom tanto externa como internamente e paralisam todo o trabalho organizativo. Antes de isto, entendemos que se esgotárom as vias da organizaçom para a resoluçom do conflito, mas como vimos a dizer, com a paralisaçom de todo processo de investigaçom e transmissom de informaçom às bases, a única opçom era esperar meses à reativacion dumha investigaçom que se achava sem garantias, já que as próprias investigadas iam ser as investigadoras e esta ia levar-se a cabo baixo os seus critérios.
Por último, em nome de ERGUER lança-se um comunicado que está pensado por e para o principal setor que fica no espaço, tentando justificar as dinâmicas denunciadas valendo-se dum espaço que devera ser do conjunto das estudantes organizadas.
As estudantes de BRIGA, pola nossa parte, achamos importante analisar no seu conjunto este tipo de dinâmicas, que levam a acontecer praticamente desde que nasceu ERGUER e que provocárom paulatinamente o esgotamento desta ferramenta organizativa. Para isto realizaremos um superficial repasso histórico sobre a criaçom de ERGUER e a nossa perspetiva sobre os factores internos que fixerom estoupar o conflito que causou ruptura.
RETROSPETIVA HISTÓRICA
Unidade de açom
A conjuntura que favoreceu a unidade do estudantado independentista e nacionalista galego começava em 2013 e seguiria os dous seguintes anos, onde as três principais organizaçons da esquerda soberanista do País (Comités, Liga Estudantil Galega e AGIR) encetárom dinâmicas de unidade de açom nas numerosas luitas estudantis contra a LOMQE ou o 3+2, pondo de manifesto a capacidade auto-organizaçom do estudantado galego levando a cabo estas convocatórias em chave nacional.
A raiz deste acertado trabalho fôrom-se forjando umhas condiçons que as três organizaçons analisaram como idôneas para começar o caminho da unidade orgânica e que o estudantado independentista considerava necessária para construir “umha única organizaçom estudantil ampla, unitária, plural e democrática com base assemblear que permitisse umha melhor articulaçom das diferentes expressons políticas das camadas populares no seio do estudantado” (VIII Assembleia Nacional de AGIR, 2014).
Essa nova organizaçom, seguindo as teses da IX AN de AGIR (2015), deveria estar alicerçada sob uns princípios mínimos que supunham um consenso entre os três agentes referidos. Atendendo isto, a nova ferramenta deveria ter um caráter nacional e seria democrática e popular, feminista, assembleária, reivindicativa e combativa. organizando o estudantado com umha visom social superadora do capitalismo.
Era essa linha na que acreditava o estudantado da esquerda independentista quando se decidiu auto-dissolver AGIR, organizaçom que experimentava um notável crescimento durante os anos da unidade de açom, tendo como prioridade a existência dessa ferramenta unitária e ampla que somasse tanto o estudantado já organizado como estudantes sem ligaçons orgânicas prévias.
Nascimento de Erguer e conflitividade interna
Nom isentos de diferentes dificultades e eivas, nomeadamente umha divisom produzida no seio da Liga Estudantil Galega que dificultou o processo, chegou-se à constiuiçom de ERGUER.Estudantes da Galiza, quem se definia como umha organizaçom independentista, feminista e anticapitalista que nascia como ferramenta de defesa dos interesses do estudantado galego com o objetivo estratégico de alcançar um ensino galego, público, de qualidade, democrático e nom patriarcal.
Pouco tardariam em chegar as tensons produzidas polas contradiçons que surgiriam a raiz do convívio das diferentes correntes e pola ausência dumha verdadeira direçom unitária que atuasse em base a consensos e nom a contínuas operaçons aritméticas que respondiam a interesses de diferentes “grupos de pressom”, sendo a vontade destes quem realmente determinava o devenir de ERGUER.
Nesse contexto dérom-se numerosos episódios onde tivérom protagonismo práticas corrosivas e escuras por parte dumha das correntes que incorrem na instrumentalizaçom da organizaçom em detrimento da coesom interna, o que favoreceu a saída paulatina dum número considerável de militantes frustradas pola inexistência de consensos e polo ambiente de conflito. Práticas, de facto, com as que está profundamente ligada a atuaçom de ocultaçom e passotismo perante umha denúncia de agressom machista (tal e como denunciavam as companheiras no comunicado que se citava ao começo do texto).
Os avanços e acertos que se favorecêrom nesta ilusionante etapa a via-se em sério perigo de continuarem, por parte das organizaçons políticas que faziam intervençom em Erguer, umhas dinâmicas desonestas e antidemocráticas que apostavam na instrumentalizaçom da ferramenta para fins alheios à própria melhoria das condiçons do estudantado galego de extraçom popular.
É assim como se favorecem dinâmicas burocráticas e verticais em lugar de pular polo peso e autonomia das bases. Ademais a constante falta de fluidez de informaçom e os debates teledirigidos de acima para abaixo derivados precisamente dessa falta de informaçom dificultou a participaçom ativa das militantes de base e entorpeceu umha ajeitada tomada de decisons coletiva.
Por outra parte, nom podemos estar isentas dumha sincera autocrítica e dum necessário debate que analise os erros na nossa participaçom das luitas estudantis
Novos velhos reptos
Chegamos a umha situaçom irreversível, fruto dumha maneira de fazer política demasiado repetida no tempo, na que o absoluto bloqueio de Erguer impede que as vias internas sejam utilizadas para a resoluçom de conflitos. Essa foi a nossa prioridade durante mais de sete anos de unidade de açom.
É o momento de rachar com estas dinámicas para, em primeiro lugar, evitar queimar umha geraçom ao completo de moças, que se vem na obriga de luitar antes contra a paralisaçom do espaço do que contra o Estado e as suas instituiçons. Mas sobretudo, abandonamos o espaço para atendermos ao princípio essencial de sermos estudantes organizadas: luitar por um outro ensino . Por isso analisamos o esgotamento de ERGUER devido à incapacidade para a resoluçom das problemáticas concretas do estudantado popular e de servir como a ferramenta ajeitada de cara a organizar a luita polos objetivos de conseguir um ensino galego, público, de qualidade, científico e nom patriarcal; feito do povo e para o povo.
É nessa linha que devemos avançar para favorecer a construçom dum movimento estudantil realmente unitário e forte. Que parta da coerência, da honestidade, da confiança mútua e do respeito entre os diversos agentes que o dinamizam e atuam dentro do mesmo. Temos por diante caminho que percorrer junto com todas as estudantes que acreditem na unidade real, na soma de forças que permitam aprofundar na intervençom nas problemáticas concretas; da colaboraçom entre estudantes organizadas; da consciência de que o movimento estudantil é mais amplo que qualquer ente que intervenha dentro dele e de que estes o devem potenciar para gerir um movimento social plural, combativo e de massas com a capacidade de alcançar vitórias concretas e de incidir na luita polos citados objetivos estratégicos em matéria de ensino.
Só assim poderemos dar coletivamente com as fórmulas que, dumha ótica baseada na autoorganizaçom nacional, no caminho de construir umha sociedade superadora do modelo de produçom capitalista baseado na exploraçom de classe e na opressom de género, permitam avançar na consecuçom do modelo de ensino que anelamos.