Leitura da juventude organizada em BRIGA perante a crise sócio-sanitária

Março 13, 2020 | Em destaque, Notícias

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Em relaçom à crise sanitária que se está a viver a nível global em relaçom à apariçom do coronavírus COVID-19, nunca visto antes nas pessoas, queremos fazer pública a leitura que fazemos as jovens organizadas em BRIGA diante do que leva acontecendo nas últimas semanas ademais de reivindicaçons básicas para paliar os seus potenciais efeitos nas condiçons materiais de vida da classe trabalhadora galega (e mundial).

Responsabilidade coletiva e agir militante

Em primeiro lugar, como militantes comunistas, corresponde-nos atuar de jeito coerente com as nossas conviçons contrárias às lógicas capitalistas e situando no centro a vida e a saúde pública. Portanto, é nessa direçom que devemos agir e, nessa linha, informamos de que as atividades previstas para as vindouras duas semanas ficam adiadas num exercício de responsabilidade coletiva seguindo as instruçons das trabalhadora da sanidade pública.

Ademais, aproveitamos a ocasion de parabenizarmos os diferentes agentes do tecido associativo do País, nomeadamente os diferentes centros sociais, pola sua acertada decisom de paralisar a atividade programada nos vindouros dias.

Depois, cumpre destacar que a crise nom é só de caráter sanitário, mas leva consigo umha crise de caráter social que demonstra a incompatibilidade do sistema capitalista com as nossas vidas e pom de manifesto umha priorizaçom das tendências individualistas por cima da necessidade de atuar com consciência coletiva diante da problemática que enfrentamos.

 

Atuaçom dos estados, do Capital e consequências para a classe trabalhadora

Ao contrário do que se apontava em relaçom a que devemos situar como prioridade a saúde da populaçom, o grande Capital agiu no sentido contrário, priorizando os lucros e reclamando às instiutiçons políticas que o sustentam, medidas contra a classe trabalhadora como forma de enfrentar a previsível reduçom de acumulaçom de capital por causa da já declarada pandemia global e priorizando, coma sempre, os lucros sobre a humanidade.

Nesta linha, nos passados dias anunciava-se que organismos criminosos como o FMI faziam chamados ao governo espanhol com “recomendaçons” como frear propostas de derrogaçom da reforma laboral, ou rebaixar a política fiscal para benefício das maos privadas. Pola sua parte, a patronal estatal ameaçava com acelerar despedimentos e reclamava facilidades para a realizaçom de ERES e ERTES. Todo isto provocará um aumento das condiçons de precariedade dos empregos e o recrudescimento das condiçons de vida das trabalhadoras que se verám sem recursos para enfrentar os pagamentos mensais como as despesas de serviços básicos privatizados (luz, água, eletricidade…) ou os alugueres e hipotecas das vivendas.

Aliás, é preciso apontar que umha das alternativas defendidas desde o Governo como é o teletrabalho apresenta um sesgo dentro da classe trabalhadora impedindo que um amplo setor da mesma tenha a opçom de aplicar as medidas de segurança e prevençom oportunas. Isto é devido a que os postos de trabalho com as condiçons mais precárias estám enmarcados em setores onde nom se permite a utilizaçom deste mecanismo. Um mecanismo que, ademais, apresenta dificuldades num País coma o nosso onde a desvertebraçom territorial impede um acesso à rede que permita desenvolver o citado teletrabalho com eficácia devido à fenda digital que existe, nomeadamente, nas zonas rurais da Galiza.

Outra das problemáticas da implantaçom destas alternativas dá-se no setor do Ensino, refletindo umha carência estrutural do sistema que, mália vender fumo com as competências digitais e a utilizaçom das TIC, a realidade amossa que a maior parte do alunado (nomeadamente no ensino obrigatório) nom tem nem computador nem umha alfabetizaçom informática real, dificultando a intençom do governo autonômico de que o professorado dê aulas via telemática.

Doutra parte vemos necessário denunciar a irresponsabilidade que o Governo espanhol e a Junta de Galiza tivérom com a falha de transparência na informaçom veraz, sendo frequentes os bulos e as falácias pseudo-cientistas. Ou também com a nom elaboraçom de planos de atuaçom e prevençom quando se detetárom os primeiros casos no Estado espanhol, ademais da falta de recursos com que se dotou aos centros públicos de saúde cujos profissionais levam semanas denunciando a falta de material sanitário preciso para a prevençom e açom diante da doença. A modo de exemplo podemos falar na ausência de soluçons desinfetantes hidro-alcólicas ou na escassez de kits de segurança (chegando a enviar só dous kits a centros com cem pessoas no plantel).

Todo isto contrasta com a atuaçom de países como Cuba e China que, para além das críticas que se puderem fazer, demonstrárom a superioridade e a eficácia da aplicaçom de planificaçons socialistas que ajudárom a cobrir as necessidades e levar a cabo um aumento de praças hospitalárias postas ao serviço do povo. Todo isto para além dos avanços que se certificárom na investigaçom de vacinas ou dumha eficaz aplicaçom de medidas preventivas para evitar a propagaçom da doença. Estas medidas dérom resultados positivos, como demonstram os dados da evoluçom do vírus na República Popular da China, com um descenso exponencial dos casos e dos contágios. Ademais disso, seguindo a sua linha de atuaçom, vemos também a generosidade e valores de humanismo que exerce nestes momentos China pondo-se a disposiçom dos estados em situaçom mais crítica para ajudar a gerir a crise, ademais de enviar material sanitário a estes lugares, sendo isto um facto que duvidamos que acontecesse se o caso for ao revés.

Ao contrário, nas nossas coordenadas vemos como a falta de planifcaçom provocou um forte aumento das pessoas que padecem a doença situando assim o Estado espanhol nos lugares do mundo em que mais casos se tenhem registado atualmente, junto com Itália, Alemanha, a França, os EUA, o Japom ou Coreia do Sul. Nom é por acaso que estes sejam os territórios com maior taxa de pessoas contagiadas.

Denunciamos também o alarmismo e a desinformaçom que os principais meios de comunicaçom exercérom ajudando assim à situaçom de psicose coletiva que, junto com a citada falta de planificaçom na produçom de produtos básicos para cobrir as necessidades da populaçom, provocou o colapso dos super-mercados e a escassez de produtos ademais de supor um risco sanitário de primeira ordem, já que se produzem aglomeraçons de pessoas num recinto fechado contradizendo, assim, as recomendaçons das profissionais da saúde e pondo em risco as vidas das compradoras e, mui especialmente, as do conjunto de pessoal dos diferentes centros de distruibuiçom: trabalhos de cobro, reposiçom, transporte, limpeza etc som realizados em condiçons perigosas e expostos a contatos que as próprias instituiçons que favorecem esta situaçom recomendam evitar.

 

O colapso do sistema público de saúde e os efeitos dos recortes.

A importância de termos um sistema público de saúde eficiente e forte pom-se de manifesto em momentos como o atual. Pola contra o governo autonómico agiu no sentido contrário durante os últimos anos, de forma que agora podemos ver os efeitos da criminosa política de desmantelamento e privatizaçom dos serviços públicos. O recorte de camas de hospital, de pessoal sanitário e nom sanitário nos hospitais e, em definitiva, a falta de recursos materiais e de profissionais dificulta a forma em que os serviços públicos de saúde enfrentam  situaçom, sendo só a boa prática das trabalhadoras que consegue estabilizar minimamente a situaçom.

Nom há muito que a convocatória da Plataforma SOS Sanidade Pública enchia as ruas de Compostela de galegas e galegos que reclamavam acertadamente a necessidade dum serviço digno e umhas condiçons dignas para as trabalhadoras deste setor e denunciavam os nefastos efeitos que a Lei Galega de Saúde estava a ter para a sanidade pública. A supeditaçom da Atençom Primária às gerências hospitalárias (provocando recorte de orçamento e pessoal, congestom das urgências…) ou a supressom de Áreas Sanitárias éram só alguns dos efeitos que provocam que agora, numha situaçom de emergência, se sintam em falta.

Algo que se torna ainda mais grave se temos em conta a tendência parasitária da Sanidade Privada a respeito da pública, derivando possíveis casos de contágios à pública mentres que, em épocas de “baixa afluência”, segundo denunciava CIG-Saúde a começos do passado verao, eliminavam-se camas, fechavam-se quirófanos e recortava-se pessoal nos centros públicos paralisando as listagens de aguarda e provocando um colapso no último trimestre do ano, piorando as condiçons do pessoal sanitário e a atençom das pessoas. Ademais disto, as gerências de complexos como o CHUS derivavam pacientes a centros privados aumentando assim o negócio dos centros que agora nom estám a dar umha resposta ajeitada (sendo isto, por suposto, responsabilidade direta dos donos do negócio, pois nom pomos em dúvida a profissionalidade e compromisso das trabalhadoras de ditos centros com a saúde pública).

Há que ter com conta, também, que esse colapso e a falta de espaços afeta gravemente a pessoas que nom tenhem atualmente o vírus mas outras doenças comuns, necessidade de consultas etc.

Finalmente queremos reconhecer a imensa profissionalidade que o pessoal sanitário e nom sanitário dos diferentes hospitais e centros de saúde estám a desenvolver, contribuindo a combater a desinformaçom e fazendo chamados à responsabilidade coletiva. Um chamado ao qual, como diziamos, achamos imprescindível somarmo-nos.

 

Reivindicaçons básicas

Depois destas reflexons, consideramos imprescindível que desde as instituiçons se apliquem medidas básicas que minimizem os efeitos da crise sanitária nas capas populares como podem ser:

  • Intervençom dos recursos da sanidade privada pondo ao serviço das instituiçons públicas as quase 2.000 camas de hospital que estám em maos privadas na Galiza.
  • Reapertura dos andares de hospitais fechados polos recortes
  • Cobertura da totalidade do salário das trabalhadoras que nom podam realizar a sua atividade laboral
  • Moratória no pagamento de hipotecas ou alugueres para quem nom pode dispor da totalidade do seu salário
  • Plano de apoio a trabalhadores e trabalhadoras autónomas
  • Programa de transparência e informaçom à populaçom evitando a criaçom de alarmismos
  • Imposibilidade de efetuar ERES ou ERTES
  • Garantir eficazmente a segurança das trabalhadoras que tenham que assistir presencialmente ao seu posto de trabalho, nomeadamente em locais com tendência às aglomeraçons
  • Controlo de acesso a pessoas chegadas de territórios declarados como foco de contágio de transmissom comunitária, nomeadamente mediante o feche das fronteiras autonómicas de Madrid como medida para evitar a propagaçom a zonas com menor taxa de infeçom.
  • Controlo da circulaçom interna de pessoas na Galiza
  • Estudo das medidas e planos adotados nos países mais avançados na luita contra o COVID-19, nomeadamente os levados a cabo em China e Cuba

CONTRA AS LÓGICAS INUMANAS DO CAPITAL, DEFENDAMOS AS NOSSAS VIDAS

 

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