INTERVENÇOM DE BRIGA NO XIV DIA DA GALIZA COMBATENTE

Outubro 15, 2014 | Atos, Em destaque

evaA companheira da Mesa Nacional Eva Cortinhas interveu no ato de homenagem polo Dia da Galiza Combatente com que a organizaçom política NÓS-Unidade Popular rendeu homenagem ao insigne galeguista Afonso D. R. Castelao em Rianxo, sua vila natal.

A Eva falou em nome da nossa organizaçom fazendo umha achega à realidade da vivência subjetiva da estigmatizaçom da militáncia independentista. Umha criminalizaçom brutal, muito mais violenta que os alegados supostos que a motivam. E muito mais exemplarizante e mediaticamente orquestrada que aquela que atua ante os grandes ladrons, corruptos, exploradores e machistas que enchem os campos desta Espanha miserenta.

Companheiras e companheiros, amigas e amigos,

com o vosso permisso quigera começar esta intervençom fazendo alusom a um episódio que me aconteceu recentemente e que estou segura que muitas e muitos de nós, nomeadamente as jovens militantes, nos vimos submetidas a umha situaçom parecida em nom poucas ocasions.

A passada sexta-feira o aparelho repressivo espanhol sequestrava a um amigo e vizinho conhecido pola sua militáncia independentista e por ser um ativo solidário com presos e presas políticas. Ao chegar ao lar familiar após conhecer a notícia, o dispositivo mediático da maquinária repressiva já tinha feito um enorme trabalho, e a minha família já sabia que o nosso amigo e vizinho fora transformado num perigoso terrorista. Isto desatou umha enorme letania de “bons conselhos” por parte de meu pai e minha nai que iam desde o clássico “tendes nobles ideias mas nom vades cambiar o mundo”, passando polo “nom hipoteques o teu futuro” até o que alude a essa curiosa e ameaçante rebeldia vírica que “já se nos passará”.

Desconheço quais fôrom os conselhos que recebeu Castelao, o nosso homenageado de hoje, quando o seu compromisso nacionalista e antifascista o forçou ao desterro. Seja como for, o certo é que de nom contarmos com luitadores e luitadoras que ao longo da nossa história como povo desafiárom o poder imposto, podemos estar convencidas de que a realidade opressiva das mulheres, da classe trabalhadora e do nosso país seria bem mais dura do que já o é.

E é que se há algo mais submisso e alienado que formar parte do povo trabalhador galego e nom luitar, é ser trabalhadora galega e desconhecer ou desprezar às muitas que luitárom e luitamos polos comuns interesses de povo, classe e género. Por esse motivo a burguesia espanhola investe esforços em ocultar o nosso passado rebelde, em desprover-nos de referentes históricos que fortaleçam o nosso imaginário colectivo como galegas e galegos; e quando a força da luita é inocultável recorre-se à manipulaçom e tergiversaçom quando nom à feroz repressom e à descarada criminalizaçom.

Estes factores combinados entre si geram frustraçom e medo. Frustraçom porque acabamos acreditando que nom há mais opçom que render-nos à esmagadora lógica individualista e acolher-nos aos moribundos privilégios de pertencermos à classe trabalhadora do capitalismo ocidental enquanto continua espoliando e arrasando os restantes povos do mundo. Medo porque a burguesia tem o monopólio da violência e emprega-a contra quem ouse disputar-lhe a sua hegemonia.

E foi justamente em nome dessa frustraçom e medo, que falavam minha nai e meu pai. Obviando as suas inquestionáveis boas intençons, a minha consciência rebelde foi questionada polo facto de sermos jovens, a coerência foi misteriosamente transformada em irresponsabilidade, o compromisso em inmadurez e a solidariedade em temerária inocência.

Nom há que explicar aqui que este é um claro e manifesto exemplo de como o poder adulto atua sobre nós, jovens, e de como este desempenha um importante papel desmobilizador como factor de pressom sobre a juventude combativa. E estou segura de que a maioria de jovens aqui presentes algum dia fôrom depositárias da frustraçom e do medo adulto tanto por parte dos mais velhos como dos mais novos que reproduzem acriticamente o mesmo discurso.

E quando nos dam tam “nobles conselhos” nom se devem decatar de que a juventude trabalhadora nom nos ganhamos problemas, já nascimos com problemas e luitamos por pôr-lhes fim. Nom se devem decatar de que age com irresponsabilidade quem se resigna ante a miséria do desemprego, da emigraçom forçada ou a violência machista. E muito menos se devem decatar de que temerária inocência exerce-a quem acredita que os gestores, cúmplices e benefactores do sistema capitalista vam rematar coa exploraçom das mulheres, dos povos e da classe trabalhadora da que se nutrem.

Em definitiva, em BRIGA cremos que hoje, Dia da Galiza Combatente, é um bom dia para reafirmar-nos no nosso compromisso, coerência, responsabilidade, solidariedade e combatividade juvenil. Reafirmar-nos com orgulho na nossa inteligência e coragem como melhor forma de combater a frustraçom e medo que Espanha, o Patriarcado e o Capital pretende impor. Reafirmar-nos no nosso passado rebelde cheio de combatentes que como Daniel Rodríguez Castelao desafiárom o poder confiando na nossa força como povo e no nosso  irrenunciável dever de auto-organizaçom nacional.

Porque juntas, as de ontem, as de hoje e manhá mantemos viva esta Galiza Combatente disposta a ganhar.

VIVA A JUVENTUDE REBELDE GALEGA!