Espanha nom é para a juventude galega

Julho 11, 2014 | Campanhas, Que nom te deixem parad@. Revolta-te!, Sócio-laboral

Reproduzimos no nosso portal o escrito do Iago Barros, membro da Mesa Nacional de BRIGA e publicado originalmente no web de Primeira Linha. Nele o companheiro corunhês fai umha leitura em vários pontos das estatísticas oficiais sobre emigraçom e situaçom sociolaboral da juventude galega.

Para armar-nos de argumentos cara ao nosso Dia da Pátria, recomendamos a leitura deste artigo, “Espanha nom é para a juventude galega”.

·         Acesso restringido ao emprego

Quando falamos dos motivos polos quais a gente marcha da Galiza, um dos fatores estatísticos revelados por fontes oficiais, e que apenas temos em conta, é a percepçom social do nepotismo existente no país no tocante ao acesso ao mundo do trabalho. Na Galiza espanhola de Feijó, milhares de jovens sabemos que neste país o esforço nom serve de muito se nom tiveres amig@s ou familiares nas instituiçons, grandes corporaçons, ou pequenas empresas. 

Umha de cada três pessoas confessa que acedeu ao seu posto de trabalho polos seus “contatos” na empresa, frente a 3% que o conseguírom através dos serviços públicos de emprego e 24% que o figérom oferecendo-se à empresa a título pessoal.

 

·         Divisom sexual e etária da emigraçom laboral, e crise demográfica

 Umha outra variante curiosa do fenómeno migratório é o vetor de género: das 400.000 pessoas de origem galega que migrárom ao resto do Estado entre 2003 e 2013 (110 por dia), 68% fôrom homens. Os homens continuam a sentir-se mais obrigados a emigrar e as mulheres a ficar na casa polos roles de género domésticos impostos que, como vemos, se perpetuam nas novas geraçons.

Dessa maré humana de galeg@s emigrad@s a Espanha, 47% tinha menos de 29 anos, e 87% menos de 44. Agora pensemos porque é que existe umha crise demográfica brutal no país. Nom é apenas a crise que obriga a nom arriscar-se a ter crianças. É que essas potenciais procriadores/as… marchárom!

Dessa mesma maré de 400.000 emigrad@s (falamos só a Espanha), 50.000 pessoas eram tituladas universitárias. Esta cifra corresponde-se com a metade de titulad@s no mesmo período. A universidade galega mostra-se incapaz de proporcionar saídas à gente jovem cara ao tecido produtivo. E nom é porque nom haja gente nova; é porque nom há tecido produtivo, e a universidade é apenas umha servil funcionária do sistema.

Só as comunidades autónomas de Canárias, Catalunha e Madrid absorvêrom 44% dessa longuíssima fila de galeg@s conscientes dum futuro impossível no seu país. Espanha revela-se, pois, como umha oportunidade. Como umha oportunidade, sim, para desmontar Galiza. O tecido industrial galego é, portanto, altamente insuficiente e gera um panorama de sobreeducaçom que se encontra na matriz das subas de taxas, de qualificaçons, e de requisitos para o acesso à universidade. Para o capitalismo espanhol, aqui sobra educaçom. 

 ·         Tecido empresarial

Os projetos de incentivo ao autoemprego quase geram unicamente novos endividad@s, fruto dum tecido empresarial fraquíssimo e orientado à economia finalista do setor serviços, nomeadamente da hotelaria. 60% das empresas da Comunidade Autónoma Galega carecem de assalariad@s, frente a 40% do Estado espanhol. E os dados de empresas com apenas de 0 até 2 empregad@s na Comunidade Autónoma Galega alcançam 83% do total, frente a 58% do Estado espanhol.

·         Dependência nacional e miséria

Nem nov@s empreendedores/as, por mui voluntários@s e diligentes que formos, nem um mosaico de pequenas empresas incapazes de superar umha criaçom de emprego testemunhal. O problema de Galiza é político e de natureza nacional. Nom precisamos de mais espírito empreendedor nem carecemos de bases materiais naturais para criar riqueza. É um problema de marginalizaçom e subsidiaridade dentro da UE e Espanha que se tenhem estado a construir sobre e contra nós nos últimos decénios.

Que se passaria se os centos de milhares de emigrantes quigessem retornar ao nosso país e lavrar-se um futuro? Que Espanha rebentaria polo seu noroeste. Por isso nos querem fora. Por isso nos facilitam a saída.

Na militáncia juvenil da esquerda independentista resta no entanto um imenso caudal de optimismo e vontade de trabalho. Porque temos argumentos. Eis o nosso dever: transmiti-los. Qualquer que for a alternativa em chave nacional espanhola desestima todos estes argumentos acima expostos. E nom temos intençom de negá-los. A verdade é revolucionária. Aqui e agora, também antiespanhola.